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quinta-feira, 6 de maio de 2010

NÃO HÁ MESTRES

Don Juan explica que qualquer pessoa pode percorrer o caminho do conhecimento e “retornar ao espírito” por conta própria, apenas realizando uma simples série de ações que se baseiam na economia de energia e que esse trabalho pode ser feito sem a orientação de mestre algum. “A dificuldade de se realizar esta simples tarefa é que quase ninguém está disposto a aceitar que precisamos de muito pouco para executá-la. Somos preparados para receber instruções, ensinamentos, guias, mestres. E quando nos dizem que não precisamos de ninguém, não acreditamos. Ficamos nervosos, desconfiados e finalmente aborrecidos e desiludidos. Se necessitamos de ajuda, não é quanto a métodos, mas quanto a ênfase. Se houver alguém que enfatize a necessidade de reduzirmos a nossa importância pessoal, essa é uma ajuda real. Os bruxos dizem que não devíamos necessitar de ninguém a nos convencer de que o mundo é infinitamente mais complexo que nossas fantasias mais incríveis. Então, por que somos tão mesquinhos, pedindo sempre que alguém nos guie, quando nós mesmos podemos fazê-lo?” Não há alunos. Não há mestres. Há é gente que vai morrer, embora alguns tenham conhecimento disso e outros, não. O conhecimento que se reflete na forma de viver e morrer é intransmissível; só é adquirido mediante a experiência pessoal. A velha idéia do mestre ou guru é fácil demais – daí a sua popularidade – do homem possuidor de sabedoria e poder, cuja bondade pode nos “iluminar”, despertando nosso shakti interior. Essas são ilusões que servem no ocidente para satisfazer as necessidades artificiais de consumo de seres alienados, fracos demais para conceberem sequer a possibilidade de andarem com os próprios pés. Sempre temos que ser salvos ou guiados por outro, quando crianças era papai e mamãe, quando adultos, é a esposa, o esposo, o sensei ou o “amadíssimo guru”. E nos menosprezamos dizendo: sou fraco, não dou conta sozinho, preciso de um guia. E é claro que há muitas “escolas”, “mestres”, “gurus”, “seitas esotéricas” e demais charlatões prontos para se aproveitarem, transformando em lucro esse desejo de ser dominado que às vezes se apossa de nós. É guerreiro quem sempre está na luta. Um guerreiro não procura a mamãe para ela lhe dizer o que deve ou não deve fazer. Um guerreiro assume a responsabilidade como reitor de sua vida e ele mesmo faz às vezes de motor de seu caminho rumo ao conhecimento e confia no poder de seus passos e ações. Como Don Juan disse: “Um guerreiro é impecável quando confia no seu poder pessoal, seja este pequeno ou enorme...” Se assumirmos a responsabilidade por nosso caminho, livros, escolas e mestres podem mostrar-se apoios úteis, dos quais a gente pode extrair sugestões aproveitáveis na ação. Não acreditem em qualquer palavra. Já tivemos demais disso, acreditamos demais, até acabar mortos sem nem sequer saber que nossa vida serviu apenas para lutar batalhas que não são nossas. Não importa em que posso acreditar. Importa é o que posso fazer, viver, criar, e tudo isso no terreno do concreto, não da fantasia!

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