Powered By Blogger

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O TONAL E O NAGUAL

Segundo Don Juan, o Tonal é o espaço onde o homem comum se movimenta durante toda a sua vida, é aquilo que dá sentido e significação a tudo aquilo que se apresenta à nossa consciência e inclui tudo aquilo o que o homem é, pensa e faz, tudo aquilo em que pode pensar e do que pode falar. A razão, o pensamento e a descrição cotidiana da realidade são o forte do tonal, que de fato abrange todo o leque do que é conhecido. Ou seja, para o homem comum da moderna sociedade existe apenas o conhecido e toda a sua experiência consciente limita-se ao âmbito do tonal, que começa no nascimento e termina na morte. Já o Nagual seria tudo o que encontra-se fora do tonal. É algo em cujo conteúdo não se pode pensar. O tonal seria como uma ilha onde o homem transcorre toda a sua vida, e nada conhecesse para além dos limites desta ilha. Assim, o nagual seria todo o espaço de mistério insondável em torno da ilha. Embora o nagual não possa ser compreendido ou verbalizado (pois entendimento e palavra pertencem ao tonal), pode ser testemunhado e experimentado, e este é um dos grandes objetivos dos feiticeiros que não se importam com entender ou racionalizar a experiência do nagual,, pois interessam-se apenas pelas possibilidades pragmáticas que este coloca ao seu alcance. Mesmo que, afinal, tudo se passe no nagual (que é bem mais totalizador), normalmente só percebemos o tonal, cuja função é proporcionar à realidade do nagual (o universo de emanações da águia) uma ordem e um sentido que não lhe são próprios enquanto realidade transcedental. De fato, tonal e nagual não são apenas aspectos do mundo, pois eles tem sua expressão em todo ser humano, que tem o seu lado tonal e o seu lado nagual, que também são chamados de consciência do lado direito, consciência ordinária, o sonhador (que fazem parte do tonal) e consciência do lado esquerdo, consciência do outro eu, o sonhado, o sósia (que fazem parte do nagual). De fato, o tonal na sua condição de arranjador do caos aparente do nagual, protege-nos do impacto devastador que seria enfrentar o nagual sem quaisquer tipos de resguardos. Esta concepção dualista faz parte da didática de Don Juan, que dividiu sua instrução em ensinamentos para o lado direito e ensinamentos para o lado esquerdo, sendo que o objetivo do ensino para o lado direito seja criar um remanejamento mais saudável e funcional dos elementos que existem na ilha do tonal, que é chamado de “varrer a ilha do tonal”, enquanto o ensino para o lado esquerdo visam orientar o aprendiz par que possa ter a experimentação direta do nagual, a fim de não perder o juízo neste processo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário